Florindo Chivucuute Denuncia Retenção de USD 10.000 pelo Standard Bank Angola em Meio a Silêncio Institucional

Ordens superiores ou negligência institucional? Retenção de USD 10.000 deixa família em incerteza e expõe possível padrão de repressão à sociedade civi.

Por Rádio Angola

A poucos dias do período festivo, uma família angolana vive um clima de incerteza e apreensão devido à total ausência de respostas do Standard Bank Angola, que há mais de 53 dias mantém por esclarecer o paradeiro de uma transferência internacional de USD 10.000,00. O caso, além de levantar sérias dúvidas sobre a transparência do banco, surge num momento em que crescem indícios de repressão contra ativistas e organizações independentes no país.

 

Transferência confirmada, dinheiro não creditado

No dia 17 de outubro de 2025, Florindo Chivucute — ativista e Diretor Executivo da Friends of Angola (FOA) — enviou uma transferência de USD 10.000,00 do seu banco norte-americano, Navy Federal Credit Union, para a sua conta pessoal no Standard Bank Angola. O comprovativo internacional SWIFT MT103 confirma que os fundos chegaram ao destino.

Apesar disso, passados mais de 53 dias, o dinheiro não foi creditado. As reclamações apresentadas resultaram apenas em respostas automáticas, atribuição de novas referências internas e até encerramento de processos sem qualquer esclarecimento sobre o paradeiro dos fundos.

Rastreamento internacional confirma responsabilidade do Standard Bank Angola

De acordo com informações oficiais do Navy Federal Credit Union e do banco correspondente Wells Fargo, o rastreamento via SWIFT GPI confirma que:

  • os fundos chegaram ao Standard Bank Angola;
  • não existe qualquer bloqueio, devolução ou erro técnico no sistema internacional;
  • o Standard Bank Angola não tem respondido às solicitações formais dos bancos norte-americanos.

Em suma, os USD 10.000 encontram-se sob responsabilidade direta do Standard Bank Angola, que até o momento não forneceu qualquer justificação plausível ao cliente.

Um caso financeiro dentro de um ambiente de intimidação

O episódio adquire maior gravidade quando observado no atual contexto político angolano. A trajetória de Chivucute — dirigente de uma ONG dedicada aos direitos humanos e boa governação — tem sido marcada por episódios documentados de repressão.

  • Antes das eleições de 2022, o ativista recebeu múltiplas ameaças de morte enquanto prestava serviços de consultoria ao International Republican Institute (IRI).
  • Em 2024, enquanto filmava alegados abusos policiais, foi detido, agredido, ameaçado de morte e impedido de recorrer à justiça, segundo reportagens independentes.
  • Em novembro de 2025, a Friends of Angola denunciou o impedimento de viagem e perseguição de sete jovens ativistas, episódio amplamente divulgado pela imprensa internacional.

Após quase duas décadas nos Estados Unidos, onde se formou, Chivucute regressou a Angola e tem desde então enfrentado forte pressão institucional. A revista Africa Intelligence identificou a Friends of Angola como uma das organizações cujas denúncias contribuíram para sanções impostas pelos EUA a figuras de alto escalão, como os generais Kopelipa e Dino — circunstância que intensificou o escrutínio sobre o ativista.

A contradição institucional

A retenção injustificada dos fundos ocorre no mesmo período em que o Standard Bank Angola celebra publicamente a aprovação para abrir uma conta correspondente com o J.P. Morgan, apresentada como um marco de integração no sistema financeiro global.

Contudo, a incongruência é evidente:

Como pode uma instituição bancária reivindicar padrões internacionais enquanto falha em responder a bancos correspondentes como o Wells Fargo, retém fundos de clientes e encerra reclamações sem solução?

A discrepância entre discurso e prática coloca em causa a transparência, a capacidade operacional e a credibilidade do Standard Bank Angola.

“Não está apenas a falhar um cliente” — alerta de Florindo Chivucute

Segundo o ativista:

“Quando um banco recebe uma transferência internacional, não a credita, e não a devolve, ignora comunicações internacionais e encerra reclamações sem solução, não está apenas a falhar um cliente. Está a comprometer a credibilidade do sistema financeiro angolano.”

Chivucute afirma que os impactos se estendem a:

  1. confiança de investidores,
  2. fluxo de remessas da diáspora,
  3. reputação internacional de Angola,
  4. segurança jurídica das operações bancárias.

Pedidos formais às autoridades

Face ao silêncio institucional, Florindo Chivucute apela às autoridades competentes para que exijam ao Standard Bank Angola:

  1. prova documental que identifique o destino dos USD 10.000,00;
  2. crédito imediato dos fundos ou prova formal de devolução ao banco de origem;
  3. explicações claras sobre a falta de resposta ao Wells Fargo;
  4. abertura de auditoria independente ou intervenção do Banco Nacional de Angola.

Transparência não se proclama: pratica-se

A defesa dos direitos dos cidadãos — financeiros, civis e políticos — exige instituições bancárias responsáveis, transparentes e alinhadas com padrões internacionais de integridade. Num país onde a confiança no sistema financeiro permanece frágil, casos como este levantam sérias dúvidas sobre a segurança das operações realizadas pelos cidadãos.

“A confiança não se declara; constrói-se com transparência, responsabilidade e verdade.” — conclui Florindo Chivucute.

 

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