As organizações da sociedade civil abaixo-assinadas vêm, por meio desta nota, manifestar o seu mais veemente repúdio aos assassinatos que vêm sendo praticados nos últimos dias, nas zonas periféricas da cidade de Luanda, durante a paralisação dos taxistas.
Vídeos e fotografias amplamente divulgados nas redes sociais mostram crianças, adolescentes e mulheres mortos nas ruas, todos indefesos, vítimas de uma repressão desproporcional atribuída à suposta atuação da Polícia Nacional e das quais vítimas, 22 mortos confirmados pelo pelo Ministro do Interior, apensar de alguns acreditarem e números mais elevados de mortes. Tais episódios representam uma consequência direta da omissão prolongada do Estado na resolução dos problemas sociais mais básicos, como o desemprego, o elevado custo de vida e a degradação dos serviços públicos.
Em primeiro lugar, expressamos as nossas mais sinceras condolências às famílias das vítimas, incluindo a do agente da Polícia Nacional morto no município do Icolo e Bengo durante esta paralisação. Em segundo lugar, condenamos veementemente os atos de vandalismo dirigidos contra instituições públicas e privadas, por representarem um prejuízo coletivo para toda a sociedade. É, portanto, fundamental reconhecer que tais episódios refletem um sintoma alarmante de exaustão social, especialmente entre uma juventude privada de oportunidades e perspectivas. O silêncio persistente do titular do Poder Executivo tem sido respondido com gritos de desespero nas ruas.
Recomendamos ao Titular do Poder Executivo que se afaste de políticas públicas que agravam a vida dos cidadãos e que implemente medidas que garantam a dignidade humana, mesmo nas suas expressões mais elementares. Acreditamos que um governo presente, atento e verdadeiramente comprometido pode transformar tensões em diálogo e frustrações em esperança.
Também apelamos à realização de um diálogo nacional inclusivo que aborde de forma urgente e estruturada os seguintes pontos:
- A mitigação da fome e da pobreza extrema que afetam milhões de angolanos e a segurança nacional
- O papel da corrupção sistêmica no agravamento das desigualdades sociais e no empobrecimento generalizado da população;
- Os excessos no uso da força pelas autoridades, incluindo atos de violência e assassinatos cometidos contra civis durante a recente greve dos taxistas;
- A definição de medidas concretas, de curto e longo prazo, para melhorar as condições de vida da população angolana e garantir a justiça social;
5. Uso responsável dos órgãos de informação pública: É imprescindível que os órgãos de comunicação social do Estado cumpram o seu dever com responsabilidade e isenção, promovendo o acesso dos cidadãos a informações verídicas, equilibradas e de interesse público. A instrumentalização desses meios para fins partidários ou a disseminação de desinformação não apenas compromete a credibilidade das instituições, como também contribui para o agravamento da instabilidade no país.
O papel da economia na defesa dos direitos fundamentais dos cidadãos. Por fim, as organizações signatárias desta nota de repúdio alertam para o crescente número de jovens angolanos que têm emigrado para países menos ricos que Angola, mas com melhores políticas públicas ( Ex- Milhares de angolanos imigrantes na Namíbia). Este fenómeno é um sinal claro de que é urgente mudar de rumo.
Luanda, 30 de Julho de 2025
As organizações:
Associação Luterana para o Desenvolvimento de Angola (ALDA)
Friends of Angola (FOA)
Associação OMUNGA
Associação Upange
Associação UYELE
Imagem: DariosBoy TV