O activista Inocêncio António de Brito, 29 anos, estudante do 4º ano do curso de economia, na Universidade Católica de Angola, arrolado e condenado no processo que ficou conhecido como “15+Duas”, a pena de quatro anos e seis meses de cadeia, disse em entrevista à Rádio Angola, que tem a consciência das consequências que acarretaria sempre que reclamar pelos seus direitos, mas segundo o “revú”, em momento algum lhe passou pela cabeça de que “um dia seria detido, julgado e condenado injustamente pelo regime por estar a ler um livro”. “Sempre pensei que seria detido talvez por participar numa manifestação e não por estar a debater um livro”, afirmou.
O jovem natural da província do Kuanza-Norte, acredita que a sua forma de luta “pode alterar o mau rumo que país segue”, sem no entanto, “recorrer-se a meios violentos” porquanto entende que, “já não há necessidades de os angolanos voltarem à guerra”, disse. Nas suas declarações, Inocêncio António de Brito, sublinha que “ser activista cívico em Angola é correr o risco até de ser assassinado”, e apontou exemplos de Isaías Cassule e Alves Kamulingue, mortos em Maio de 2012, por agentes da Segurança de Estado Angolano, durante tentativa de uma “manifestação pacífica”, na capital angolana.
Diz que não se sente arrependido pelas “sevícias sofridas”, pois se tal acontecesse “seria um retrocesso e anular a minha dignidade humana; quem deve se arrepender é quem engendrou este processo, nomeadamente o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, o juiz Januário Domingos e tantos outros”, frisou o activista em liberdade condicional sob termo de identidade e residência por decisão do Tribunal Supremo, para quem “estou do lado certo e não tenho motivo para estar arrependido por isso”.
Para Inocêncio de Brito, ser activista num país como Angola é perceber os problemas da população sofredora e compreender as suas amarguras bem como “ter uma noção de como podemos sair desta situação que não pode continuar assim”, avançou. Em exclusivo à Rádio Angola, o activista revela que “optou por activismo cívico” pela observação que fez sobre o “sofrimento dos cidadãos, das injustiças que ocorrem, da má governação, da desestruturação dos valores do ser humano”.
Entende que os angolanos devem continuar a “lutar na defesa dos seus direitos” por alegadamente “existir no país uma má governação”, que na sua opinião “é visível, bastando apenas olharmos para a situação dos hospitais, da educação do saneamento básico, enfim”.
Acompanhe a seguir a entrevista completa que Inocêncio António de Brito concedeu à Rádio Angola: http://www.blogtalkradio.com/radioangola/2016/10/10/ser-activista-em-angola-corre-se-o-risco-de-ser-assassinadoinocncio-de-brito
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