A Rádio Angola em Benguela, procuro ouvir não só os Comerciantes, mas também as famílias, uma semana depois de ter ouvido o Economista e Docente Universitário José Sapi, sobre os preparativos da quadra festiva.
Cada ano as coisas tendem a piorar, a mais dificuldades, salientaram os comerciantes de que este ano especialmente estão a ter dificuldades de importar produtos e esperam o melhor para o próximo ano. Para os mesmos, só neste ano as vendas baixaram 50% em relação o ano passado e gostariam que o Governo angolano viabilizasse, a aquisição de divisas para todas empresas e não só para algumas, também no envio das mesmas divisas no estrangeiro no sentido de importar produtos.
Dos responsáveis das lojas e Armazéns que a Rádio Angola procuro ouvir não esconderam o número de funcionários despedidos de lá pra cá, dizendo que não é a vontade deles, mas por causa do contexto actual que se vive tinham de sacrificar e aumentando assim o nível de desempregado a nível da Província de Benguela.
RA – Quais são as dificuldades que vocês estão a encontrar como comerciantes em despachar os vossos produtos, a população em procurar os vossos produtos dada a crise económica provocada pela queda do barril do petróleo no mercado internacional?
MOHAMMED BALUCK – É assim, este ano está totalmente diferente dos outros anos, 2016 diferente de 2015, 2014 e de 2013, cada ano as coisas tendem a piorar, esta haver mais dificuldades, este ano especialmente estamos a ter dificuldades de importar produtos para aqui e esperamos o melhor para o próximo ano, só neste ano as vendas baixaram 50% em relação o ano passado.
RA – As dificuldades que estão a encontrar é por falta de divisas ou é atraves do custo elevado da alfândega?
MOHAMMED BALUCK – Não… não…;
O custo elevado da alfandega em geral vai ao aumento de preços e isso resolve-se, é normal, mas a falta de divisas é algo muito sério, para o comércio, porque sem divisas não se consegue importar, e se não se consegue importar com certeza que também encontra-se dificuldades de trazer produtos para Angola, especialmente para Benguela e há muitos produtos que vai desaparecer no mercado, e para quem tiver os produtos que estão a desaparecer no mercado, a tendência é de subir o preço, para manter os níveis das vendas, mas assim vai ser vendas baixas com preços altos.
RA – Vocês têm aqui produtos de primeira necessidade, produtos da cesta básica que neste momento está em falta no vosso stock e por falta de divisas não conseguem importar?
MOHAMMED BALUCK – Praticamente são todos, há muitos produtos que estão a faltar, por exemplo, a fuba não temos quase nada, óleo de palma, o que estamos a vender neste momento são os produtos que estavam no stock, neste caso produtos do ano passado, a bolacha não faz parte da cesta básica, mas é muito importante, este ano já não estamos a importar entre outros produtos.
RA – E por causa desta dificuldade que vocês sentem, geralmente é a partir de 2014, 2015 que a crise manifestou-se, de lá pra cá, a exemplo das outras lojas vocês já chegaram de despedir alguns funcionários por causa destas dificuldades?
MOHAMMED BALUCK – Sim, a empresa já despediu um bom número de funcionários, porque já fechamos várias lojas, é assim, com a falta de produtos os armazéns ficam vazios então tira-se os produtos que restam em algumas lojas ou armazéns enche noutro armazém e fecha os outros, é com certeza que quando se fecha alguns armazéns obrigatoriamente sacrifica-se muitos funcionários, não é a nossa vontade, mas por causa mesmo do contexto actual que se vive temos de faze-lo.
Os custos são demais, a gasolina está caro, o gasóleo idem, isso faz uma parte de transporte, os salários mantêm-se, mas há muitas coisas que subiram e estas subidas dos preços faz com que as despesas também subam, num momento em que se registam poucas vendas e poucos produto para equilibrar fica difícil, uma vez que já não estamos a importar, quem importava 20, 30, contentores hoje só consegue um contentor e as divisas são adquiridas fora do País, comprando, porque aqui não estão a vender divisas para todas empresas, só para algumas que estão a conseguir divisas e uma delas é o END-A-D, mas outras empresas não estão a ter, portanto, se no futuro talvez fizesse um contrato com a China Kwanza contra o “YUAN” Chines acho que facilitaria muito quase 60%.
RA – Porque, será que todos os produtos vêm de lá?
MOHAMMED BALUCK – Alguns, com exceção dos bens alimentares, fora dos bens alimentares a maioria dos produtos vêm da China, de lá só vem a massa-tomate, sobre produtos alimentares, o reto vem da Argentina, Brasil, Turquia, entre outos.
RA – Nós findamos por aqui, não sei se tens alguma coisa para acrescer sobre tal temática, se por ventura tens uma mensagem para o governo angolano para minimizar os custos, facilitar aquisição das divisas;
Quais são as políticas que vocês gostariam que o governo angolano adotasse na aquisição de divisas, principalmente aos comerciantes que têm de satisfazer as necessidades das famílias?
MOHAMMED BALUCK – Bem, gostaria que o Governo angolano viabilizasse a facilidade da aquisição de divisas e o seu envio no estrangeiro para no sentido de comprar ou importar produtos para todas empresas e não para algumas empresas, porque isso causa falência para as outras empresas, porque quando se dá para uns e para outros não isso cria um mal-estar, isso faz com que não só as famílias mas também os funcionários ficam sacrificados, registando assim um aumento no nível de desemprego a nível da província, porque é bom equilibrar na distribuição e também tem de haver.
Acompanhe a entrevista completa na página da Rádio Angola: http://www.blogtalkradio.com/radioangola/2016/12/19/comerciantes-e-famlias-clamam-por-momentos-difceis-durante-a-quadra-festiva
A Rádio Angola em Benguela, na pessoa do Jornalista Adão Lunge, endereça à todos os colegas espalhados pelo Mundo que, com toda sapiência conseguiram conduzir este barco e aguentaram todas peripécias que o contexto nos impôs, não se esquecendo dos ouvintes e os entrevistados que animaram a nossa página.
Feliz natal e um próspero ano novo cheio de felicidades e sucessos…
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