Funcionário da Organização Humanitária Internacional (OHI)I teme por sua vida depois de participar na manifestação em Benguela.
Sobre este assunto, a Rádio Angola (RA), ouviu Luís Cata, Administrador da Organização Humanitária Internacional (OHI) para falar sobre perseguições que o mesmo tem vindo a sofrer em Benguela.
Luís muito obrigado por ter aceitado o convite da Rádio angola…
LK: Sim, muito obrigado à Rádio Angola e a todos ouvintes desta estação emissora Internacional, saudar a todos e dizer que estamos disponíveis por tudo que for informação, de salientar que a rádio Angola faz parte do conjunto dos parceiros que a OHI tem e que estão a judar a levar a informação a todos os quadrantes e ajudar na emancipação da informação em termos de educação à cidadania ao nível do País e do Mundo.
RA: Luís certamente, nós gostaríamos de agradecer e dizer ao mesmo tempo aos nossos ouvintes de que convidamos hoje o luís Cata para falar sobre algumas perseguições que tem vindo a sofrer infelizmente desde a sexta-feira passada (dia 23 Julho de 2016), que o Movimento Revolucionário em Benguela tentou realizar uma Manifestação pacífica para reivindicar o custo de vida em angola, a crise económica e não só. De salientar que vários foram detidos penso que nessa altura já foram libertos, fora da prisão.
Luís podes esclarecer aos nossos ouvintes, dando mais detalhes, o quê que de facto esta se passar?
LK: De facto é uma situação muito complexa, complexa até certo ponto, a questão foi a seguinte; em função da situação que se vive no país, os preços altos, qualidade de vida cada dia que passa mais precária, salários com perca de acentuada de poder de compra, então o Movimento revolucionário achou por bem efetuar uma manifestação pacífica para a reivindicação e levar ao poder político de que precisa-se fazer algo para ultrapassar estas situações, a OHI, em função daquilo que levou a os jovens Revus a manifestarem-se sentiu-se solidária e também prestou a sua ajuda, a sua atenção fazendo-se presente e prestando algum apoio técnico junto do pessoal da manifestação, foi assim que dia 23 de Julho a manifestação saiu, não só a OHI mas também a OMUNGA fez-se presente neste processo a Organizar no processo de apoio ao Movimento Revolucionário, dia 23 (de Julho de 2016) a Manifestação tentou sair com grandes dificuldades que começou com problemas de transportação e tanto outros de ordem organizativa que fez com que a manifestação não sai-se, mas de lá pra cá, depois desta situação começou assistir-se um ambiente muito complicado de quase que do acompanhamento de alguns membros destas Organizações como a OHI e da OMUNGA, como é o meu caso por exemplo, que até um certo ponto a Polícia e outros a paisanas vão fazendo o acompanhamento os meus passos até na minha casa, tanto mais que muitas das vezes nós saímos muito tarde do escritório por inerência de funções e que nunca tivemos estes problemas de acompanhamento da paisana agora estamos a sofrer de uma tal forma em que não conseguimos dar continuidade nos nossos trabalhos.
Conforme expliquei na vez passada dia 23 de Julho anoite, no dia seguinte começamos a ver alguns movimentos estranhos junto do bairro em que eu vivo, que é o bairro Dokota, Zona A. Foi uma situação que achamos muito estranho, porque praticamente uma coisa são as rondas normais outra coisa são rondas que se fazem em volta das casas de certas individualidades e criar dificuldades e interpelar certas pessoas, então isso é o que mais nos incomodou e criou nos dificuldades de que alguma coisa de mal estava a se passar, porque o meu irmão foi interpelado e pediram para identificar-se teve dificuldades e entraram numa troca de palavras com os agentes da polícia, felizmente os agentes da Polícia tentaram criar estas dificuldades ameaçando, pedindo a identificação e todo este processo chegou em casa e avisou-me, eu saí para ver quem eram e o quê que se passava, infelizmente nenhum deles conseguiu dar uma resposta e foram se embora, então com a situação que se viveu eu achei que alguma coisa estava a se passar, ou havia um processo estranho dentro.
Porque não é possível, só depois da manifestação e dizermos que a OHI estava a poiar a manifestação e depois de isso começarmos a ter esse tipo de ambiente acho que fica muito difícil, deixamos passar este dia achamos que se calhar alguma coisa não estava bem felizmente não apareceram e não voltaram a parecer mas o complicado é estamos a dar conta de um ambiente estranho e até ainda ontem (24-7-2016) tive um acompanhamento de Polícias apaisanas até com viaturas entre outras a fazerem um controlo à todos nós, ontem por exemplo eu tive um problema grave quando saí do escritório assim que saí do escritório não andei mais de dois metros do escritório para casa tive dificuldades praticamente de alguns carros parados ao lado do escritório como se fosse ou tivesse alguém a controlar o movimento da saída do pessoal que estava ali, porque depois de nós sairmos começamos a ver que a situação do ambiente estava a ficar estranha, quase estávamos a ser controlados, os corros faziam vai e vem passando por nós como se tivessem a fazer cobertura de como está, tentando nos criar dificuldades, então era um ambiente de muita desconfiança e isto esta à nos tirar confortos e a criar grandes dificuldades.
RA: Vocês já contactaram a Polícia Nacional a nível da Província de Benguela para esclarecer estes movimentos estranhos como acabaste de explicar depois da vossa participação nesta manifestação que não acabou de sair porque várias pessoas foram detidas no mesmo dia?
LK: No mesmo dia quando tentamos contactar não foi pelos movimentos estranhos, mas sim pelo pessoal que estava detido, ainda os colegas foram andando em algumas Unidades de formas a facilitar e ter contactos com o pessoal da Polícia aqui em algumas Unidades Policiais a nível do Município de Benguela infelizmente sem sucessos não conseguiram ter o contacto com ninguém até a viação e trânsito também não conseguiram ter o contacto e até hoje a nossa viatura esta lá apreendida, então ficamos sem saber infelizmente nós ainda não fomos a Polícia explicar sobre esta situação, mas o problema é que a própria Polícia é que cria estes tipos de ambientes e nós não conseguimos perceber até que ponto nós vamos conseguir ir para lá esperarmos boas soluções da situação em análise, uma vez que temos aqui várias situações, muita gente já foi para lá nunca conseguiram dar solução, mas em todo caso não nos tira a possibilidade de nós fazermos isso, se nós formos a dar sequência do processo nós vamos fazer uma participação junto da Polícia para vermos até que ponto podem garantir segurança ao cidadão.
RA: Luís, vocês já contactaram o governo Provincial, ou na pessoa do próprio governador, além da Polícia Nacional, para necessariamente poder intervir nesta situação?
LK: Ainda não fizemos chegar esse processo, estamos a ponderar fazer isso porque, também estamos a recolher dados por parte dos outros colegas, uma vez que não é só o pessoal da OHI mas também os outros colegas da OMUNGA, que também tem sofrido várias vicissitudes do género, compilarmos este todo processo e levarmos junto do Senhor governador. Esse processo esta a ser tratado durante esta fase e para ser sincero é bem sabido que o pessoal basta se saber que é parte integrante de Organizações que fazem, busquem justiça, trabalhem em direitos humanos, em processos de cidadania cã em Angola começa-se a ter dificuldades de todo tipo, o pessoal começa a ter dificuldades de todo tipo, então já sabemos e entramos nestas actividades com responsabilidades de que alguma coisa, ou muitas coisas vão acontecendo, mas é um apelo que nós temos que deixar de que nós estamos apena a exercer um direito emanado na Constituição da República de Angola e que praticamente não fizemos nada contra a lei, estamos apenas a exercer aquilo que é o nosso direito, é um direito que nós estamos a exigir, se nós temos obrigações a cumprir e cumprimos estas obrigações então o Estado também tem de cumprir as suas obrigações diante do cidadão, infelizmente quando se exige a outra parte que é do estado as pessoas, os cidadão são vistos de formas criminosas, como de tivéssemos a fazer ou realizar acções contra a lei, por isso é que nós estamos a dizer que enquanto cidadãos vamos continuar a exigir aquilo que é de direito enquanto nós cidadãos também cumprimos com aquilo que são as nossas obrigações como cidadãos, então acho que nós estamos a fazer a nossa parte mas muitas das vezes somos mal interpretados.
RA: Luís nós estamos a terminar o nosso programa, gostarias de deixar a última palavras antes de terminarmos?
LK: Eu gostaria de deixar sim uma palavra, a questão é a seguinte, tanto faz nós (OHI) assim como outras organizações, outros defensores de direitos humanos cá em Benguela, activistas e trabalhadores de educação para cidadania e para outros, na questão de situações que estavam ocorrendo nós temos que começar a ser um pouquinho mais sérios e responsabilizar as instituições, acho que é uma das boas formas para podermos combater as várias vicissitudes que têm acontecido e qualquer um de nós lhe acontecer alguma coisa, sabemos muito bem quais são as instituições que devemos contactar, o governo Provincial, a Polícia Nacional a nível da Província de Benguela e os Órgãos de informação que são Instituições que trabalham diretamente com os processos que têm a ver com a segurança do cidadão, agora quando estas instituições começam a falhar a ordem normal do seu funcionamento então nós devemos exigir aquilo que realmente cada um deve trabalhar dentro daquilo que é os seus direitos e as suas obrigações.