RA: Luaty qual é a Sua espectativa sobre o congresso do MPLA?
Luaty: Nenhuma, rigorosamente nenhuma, é mais um daqueles conclaves dos velhos que não dizem nada repetem a mesma história, temos que fazer, mas nunca sai para fora, já são 40 anos, acho que eu já levo os meus 34 anos por esta altura já não estou a espera de nenhuma surpresa, nem novidade, a surpresa seria se o JES anunciasse que contrariamente a vontade dos supostamente dos seus militantes que por razões de A, B ou C sejam quais foram não irá ser cabeça de lista do MPLA para as próximas eleições, mas isso não vai acontecer, claro, por tanto, se for isso acho que não há surpresa nenhuma de se esperar, é tudo.
RA: Recentemente foi aprovada a lei de amnistia que contempla também a vossa libertação, como é que vocês receberam esta lei?
Luaty: Bem, é dizer o seguinte se nós pensarmos que isso é um tabuleiro de xadrez então a jogada do adversário foi muito astuta, porque conseguiu ou pensa conseguir com um único movimento limpar a sua imagem, sair por cima como aquilo que perdoa, bonzinho, o benévolo e passar por baixo do tapete um caso que manchou a imagem da nossa justiça sem que ela tenha continuidade, sem que haja mais borradas que possam manchar a nossa imagem, mas nós estamos a estudar a possibilidade de a recusar, que aparentemente é possível e se for possível nos vamos a recusar, até que nós temos de levar isso até ao fim, nós somos inocentes, temos convicção da nossa inocência e pelo menos boa parte de nós tenciona abdicar dessa amnistia.
Do pouco que eu percebo de leis, nós só podemos mover uma acção de indeminização contra o Estado no caso de sermos absorvidos, eu não tenho a certeza se ao sermos abrangidos e não podemos recusar amnistia, gozando a presunção de inocência se podemos ainda assim fazer isso, mas eu acho que todos os mecanismos que nós tivermos a nosso dispor para, de alguma forma diminuir o impacto da injustiça que se abateu sobre nós devem ser metidos em marcha, seja um processo contra o Estado, para a indeminização, seja de perseguir figuras específicas do regime que manipularam isto de formas a fazer crer durante algum tempo a comunidade Nacional e Internacional que nós seriamos golpistas, nós teríamos intensão de levar uma instabilidade no País, isto também afecta a nossa honra e bom nome sobretudo quando temos que passar tanto tempo presos por isso, perseguir estas individualidade também, para que percebam que, por mais que o regime vai proteger estes processos alguns deles são ou não prescrevem, portanto vai ficar lá a espera e no dia que Angola for livre estes Senhores não irão poder mais exercer porque tiveram ao serviço de uma ditadura e fizeram um trabalho muito sujo e borraram o nome do País, arrastaram o nome do País na lama.
Nós vamos fazer tudo que for possível, tudo que nossos Advogados aconselharem para restituir um pouco da nossa dignidade e do nosso tempo perdido, esta perseguição é Judicial, nós não temos nenhum rancor com ninguém, desde 2011 podem procurar, acho que não vão encontrar neste grupo nenhum tipo de acção violenta propriamente dita, nós viemos até aqui sem agir violentamente, com tudo que conquistamos hoje seria uma infantilidade fazer ou tomar outro tipo de acção não pacífica.
Ouça na íntegra o programa na Radio Angola: http://www.blogtalkradio.com/radioangola/2016/08/24/ns-vivemos-numa-ditadura-em-angola-afirma-luaty-beiro
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