Músico e activista cívico Adão Bunga (MC Life) concedeu uma entrevista a Rádio Angola para falar sobre a manifestação organizada por jovens hoje, dia 2o de Agosto em Luanda.
Nós convidamos hoje o Jovem activista cívico, Adão Bunga para falar sobre uma manifestação que ocorreu hoje em Luanda, dia 20 de Agosto de 2016, nos pode explicar o quê que de facto aconteceu durante a manifestação e porquê que vocês organizaram esta Manifestação hoje?
Adão Bunga: O Estado mais uma vez mostrou hoje que não está preparado para viver em democracia e está sempre a implementar um Estado ditatorial ao povo angolano, portanto, nós cumprimos com todos pressupostos leigais para a realização desta manifestação que até apelidamos como uma marcha de apoio a retirada de José Eduardo dos Santos como Presidente da República de Angola, porque todos nós já estamos cansados com a governação de JES, que não passa de uma governação com poder centralizado num só homem, ele é que manda em todo os país e ele é quem decide, portanto, dentro das nossas convicções vimos que por eleições será impossível retirar o JES no poder, mas sim com base nas manifestações e esta manifestação foi agendada já a dois meses atrás, demos a entrada da carta ao governo província e por sua vez responderam-nos negativamente como sempre, para eles a manifestação tem que carecer de autorização, quando a nossa Constituição diz outra coisa, no art.º 47 que a manifestação não carece de autorização mas sim de um aviso prévio as autoridades para que esses possam garantir a segurança à manifestação, mas aqui é ao contrário não se respeita a Constituição que eles próprio aprovaram.
Ontem, estávamos a fazer a mobilização no Primeiro de Maio, com a entrega de alguns panfletos e hoje tínhamos que partir para a manifestação fomos para a manifestação, como estávamos andar em 6 grupos divididos, logo que chegamos ao primeiro de Maio criaram nos um cordão, eles queriam que nós voltássemos, mas nós não podíamos voltar porque estávamos a cumprir um dever de cidadania, até que a nossa manifestação é pacífica, sem armas, sem nada, só tínhamos apenas os cartazes com alguns dizeres e a palavra de ordem é “JOSÉ EDURDO FORA”
RA: Quais são as pessoas que estavam lá a impedir a vossa manifestação pacífica na praça do primeiro de Maio?
Adão Bunga: É a Polícia Nacional, praticamente o Estado Angolano usou um aparato policial já mais visto na Capital de Luanda, até parecia que iriam reprimir ou combater um outro dispositivo que também esta armado, eles estavam armados de ponta a outra, até temos um colega activista que ficou praticamente com a perna toda degradada, foi mordido por um dos cães porque o agente que comandava o cão soltou o cão para que ele ataca-se a perna do activista, neste momento o ativista está com a perna toda ela estragada.
RA: Como é que se chama o jovem activista que foi atacado pelo cão solto pela Polícia Nacional angolana?
Adão Bunga: Chama-se Chinguari.
RA: Ele já está sob cuidados médicos?
Adão Bunga: giramos com ele em todos hospitais, só têm vacina de tétano não têm vacina antirrábica, até fomos já nalgumas Emissoras da Rádio a nível de Luanda para ver se pudéssemos pedir apoio a sociedade civil, se é que apareça alguém que pode nos apoiar com esta vacina para o rapaz.
RA: Quantos activistas e não só foram espancados brutalmente tal como vocês descreveram?
Adão Bunga: Os que ficaram com os sinais muito alarmantes são cinco, mas o que esta gravemente ferido é o Chinguari e um dos activistas também que tem agora o problema de visão porque lhe seringaram com o gás lacrimogénio nos olhos e não está a ver bem, junto o David que também ficou com a perna inflamada por causa dos porretes nos braços, o rapaz 27 de Maio também está com o braço inflamado, são estes os activistas que foram torturados de formas muito brutal.
RA: Então a manifestação não chegou de sair, não se realizou pelo facto da Polícia, tal como acabaste de descrever reprimiu brutalmente os manifestantes pacíficos que tentaram manifestar-se na praça do primeiro de Maio é isso?
Adão Bunga: A manifestação realizou-se mas não atingimos o objectivo porque foi reprimida, se nos deixassem pelo menos manifestar-se acredito não teríamos estes problemas que tivemos hoje, de pessoas feridas, pessoas ficaram cegas.
RA: todos os activistas e participantes nesta manifestação não tinham nenhuma arma e nada, eram apenas cartazes?
Adão Bunga: Não, nós já somos manifestantes desde 2011, nunca levamos armas, temos ido pacificamente e simplesmente com os nosso cartazes e sempre temos uma palavra de ordem e sempre que a Polícia vem para nos reprimir colocamos as mãos no ar, pedindo Liberdade, é apenas o método que temos usado para nos manifestarmos, senão nunca usamos arma e por outra, temos também seguido todos os trâmites legais para que as nossas manifestações não possam ser reprimidas mas o nosso governo já nos mostrou claramente que não respeita as leis ou o direito que está consagrado na nossa constutuição.
Ouça na íntegra a entrevista da Rádio Angola, conduzida por Florindo Chivucute: http://www.blogtalkradio.com/radioangola/2016/08/20/polcia-reprime-manifestantes-e-vrios-ficaram-feridos-em-luanda
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