Rádio Angola: Adão Lunge, correspondente da RA, teve o previlégio de entrevistar o Senhor Félix Simão Lucas, Secretário Provincial da UNITA no Uíge.
O Senhor Félix Lucas vai falar-nos sobre os acontecimentos, das atrocidades que aconteceram no Município de Kimbele, Província do Uíge e hoje o convidamos para tecer algumas considerações sobre tais acontecimentos e pensamos que é a voz máxima.
Com todo respeito muito bom dia Senhor Félix?
Félix Lucas: Muito bom dia Senhor Jornalista, de facto, tendo em conta aquilo que é a dinâmica política aqui na nossa Província do Uíge, nos últimos dias temos constatado muitas situações a que nós consideramos menos boas naquilo que se chama pacificação que nós queremos para o nosso País, sempre que nós avançamos em atividades num dos Municípios ou mesmo na sede encontramos sempre muitas dificuldades da parte dos que governam o País, nesse momento nós tivemos no Município do Kimbele para realizar o ato Provincial das Comemorações do Quadragésimo quarto (44º) aniversário da LIMA (Liga da Mulher Angolana), que é a Organização Feminina da UNITA e também aconteceu, logo que nós chegamos, um dia antes, o MPLA começou já a organizar uma outra atividade conscientemente na hora que nós tínhamos programado, então no dia seguinte, que é o dia do ato, da medida que nós fomos subindo para o local do ato junto com a Polícia eles (MPLA) organizaram também passeata que chocou diretamente connosco, tendo em conta a própria densidade do Município, em termos da sua dimensão é mesmo muito inferior chocou diretamente com a nossa caravana toda, e isso de facto criou situações não abonatórias e a Polícia teve que intervir e interveio muito bem no sentido de evitar que ouve-se qualquer coisa, mas mesmo assim, a medida que fomos andando de novo voltaram, no sentido de inviabilizar tudo aquilo que é o nosso programa, dai ouve alguns conflitos de facto, os jovens entraram em pancadaria e de facto resultou alguns ferimentos, quer da nossa parte (UNITA), assim como da parte deles (MPLA), mas da nossa parte foi já quando nós tivemos no local do ato, onde realizamos o nosso programa eles voltaram, a JMPLA, a OMA atirando objetos como pedras e também alguns paus e que fez com que tivéssemos alguns feridos.
Da parte deles foram sete feridos, daquilo que são as informações voltamos a receber e nós tivemos quatro ferimentos que também consideramos ligeiros, foram de facto essas acções, pensamos que não são boas, isso aconteceu já a duas semanas, quando chegamos no Município de Guilunga, Comuna de Macocola, um dia antes da nossa chegada um grupo organizado pelo Administrador Comunal, segundo as informações destruíram a residência onde nós iriamos implantar as nossas estruturas e no mesmo dia também do ato ouve a mesma situação.
Neste sentido, penso que são práticas devidamente orientadas pelos próprios titulares, isso quase acontece em todos Municípios onde nós nos movimentamos, pensamos que estes comportamentos não são aceitáveis depois de Catorze (14) anos de Paz e quando titulares do governo a terem esse tipo de comportamento, o próprio Secretário Municipal do MPLA, o Senhor Venâncio, no Município de Kimbele foi ele que coordenou todo este tipo de ato que não é abonatório e a Polícia de Kimbele tinha que fazer alguns disparos no sentido de fazer parar aquele comportamento do lado do MPLA.
Penso que para nós foi muito importante o papel da Polícia, no sentido de trazer a tranquilidade até no final de todas atividades, foram esses grandes casos que ocorreram estes últimos dias na Província do Uíge, nos últimos dias há uma informação de que ouve um morto dos feridos da parte do MPLA, mas voltamos a confirmar não é uma realidade, de facto havia dois individuo graves e que não há problemas de mortalidade.
RA: Senhor Secretário, essa situação aconteceu concretamente em que dia, sabemos no mês em curso?
Félix Lucas: Aconteceu Sábado dia 18 de Junho de 2016, que é o dia do aniversário da LIMA, que é Liga da Mulher Angolana, Organização Feminina da UNITA, nós programados o ato Provincial para o Município do Kimbele, que ocorreu no mesmo dia 18 que é sábado pelas dez horas.
RA: Dos militantes que entraram em choque depois desse acontecimento quantos estavam em situação gravemente perigosa e como é que eles se encontram neste preciso momento, tanto faz do lado do MPLA como da UNITA, se porventura têm estas informações dos militantes do Partido no poder e como é que eles se encontram de saúde?
Porque, independentemente de serem militantes, tanto faz da UNITA como do MPLA, mas acima de tudo são angolanos em primeiro lugar, então gostaríamos de saber se é que o Senhor Félix Lucas tem essa informação, se têm tido diálogo de como é que os militantes de ambas as partes encontram-se de saúde…
Félix Lucas: Acima de tudo está o angolano, os angolanos estão em primeiro lugar, os partidos políticos apareceram, mas os angolanos já existiam como angolanos e nós temos dito todos nós somos irmãos, bem, é preocupante de facto quando acontece essas situações, nós tivemos quatro feridos e como nós sempre temos enfermeiros em atividade de género e como se não bastasse tomou as devidas precauções e pensamos que os nossos quatro feridos, dois que tiveram problemas na área da testa, outros ferimentos na perna e pensamos que estão num estado normal e estão em boa evolução.
Tivemos informações de que dos Sete individuo feridos da parte do MPLA tiveram casos mais graves e um pouco mais preocupantes, mas também, as informações que estamos a seguir à alguma evolução sobre eles, penso que é mais isso que nós podíamos apelar para que este tipo de comportamento não volte acontecer sob pena de criar destruições humanas.
RA: E como é que a Polícia encarou essa atrocidade, pelo Órgão da Manutenção e Ordem Pública, o Governador, se tiveram um encontro sobre essa situação para que não venha acontecer mais nos próximos dias?
Félix Lucas: Duas semanas antes houve já situação que ocorreu na Comuna de Macocola e depois disso nós tivemos um contacto direto com o Comandante Provincial onde nós nos debruçamos sobre estes aspectos todos, mas infelizmente estes casos têm criado perturbações no seio da Polícia e também uma certa desordem total naquilo que é o trabalho que a Polícia muitas das vezes quer fazer porque a Polícia muitas das vezes tem um documento de que a UNITA vai realizar uma atividade na área x ou y, bem, o MPLA não traz nenhum documento, já um dia antes aparece que nós também queremos realizar um ato, isso de certa forma tem criado um grande embaraço naquilo que é o trabalho da Polícia, essas questões foram avançadas na abordagem que nós tivemos, quanto ao Governo Provincial, ainda não tivemos nenhum contacto no sentido de nós abordarmos estes aspectos que têm acontecido ultimamente, mas questões anteriores já foram abordadas junto do governo Provincial, alegam muitas das vezes que não têm orientado os seus homens, e que têm agido de uma forma solta, mas aquilo que nós acompanhamos não corresponde com a realidade, nós sobre este aspecto vamos continuar, no sentido de dialogarmos para ver se podemos ultrapassar essas situações, todos nós somos angolanos, todos nós somos daqui do Uíge, pertencemos a mesma Província, pensamos que seria bom se evitássemos comportamentos como estes.
RA: Qual é o estado Político que se vive no Município de Kimbele depois dos acontecimentos do dia 18 do mês e ano em curso (18-6-2016?
Félix Lucas: Eu estava a dizer que a população de facto acompanhou todo desenrolar desta situação que ocorreu naquele Município e a população reclama de que sempre que o MPLA realiza as suas atividades nunca apareceu nenhuma Partido com intenção de inviabilizar, hoje a UNITA tenta realizar o MPLA também veio, o que não se entende é que o MPLA sempre cria situações não favoráveis sempre que os outros Partidos têm um programa agendado, penso que o povo esta tranquilo, não há nenhum problema, mas está a culpabilizar o próprio MPLA que do nada surgiu rapidamente no sentido de impedir aquilo que já estava programado pela UNITA.
RA: Qual é o conselho e a mensagem que deixas para todos angolanos que estão acompanhar essa entrevista da voz máxima do partido maioritário na oposição daquela Província?
Félix Lucas: Nós dissemos e lá mesmo no ato o Presidente da República e outros dirigentes do governo muitas das vezes falam sempre de Unidade Nacional, falam de democracia, mas o que é ao contrário é que a nível das Províncias os seus representantes fazem ao contrário daquilo que os seus dirigentes falam, portanto, estão a demostrar uma grande incompetência diante dos seus representantes, porque se é real o que eles dizem mas no concreto os seus representantes não cumprem, o que se traduz na falta de competências, mas acima de tudo também dissemos aos angolanos que este tipo de comportamento não nos leva a lado nenhum, nós os angolanos devíamos perceber que dentro do quadro democrático os Partidos Políticos é como se fossem as igrejas, são livres de estar onde quiserem, quer ficar nesta igreja fica, quer ficar naquela igreja fica, assim sucessivamente, ninguém pode opor-se contra um outro cidadão que quer que fique nesta ou naquela igreja, como nos Partidos Políticos também é assim, mas, também dissemos que nós acima de tudo somos angolanos, os Partidos Políticos não podem dividir os angolanos, então, todos nós na qualidade de sermos cidadãos angolanos temos que ter a unidade, a compreensão e pensarmos também que dentro deste quadro temos que viver na diferença, os angolanos não podem pensar todos da mesma maneira, pensamos que é o essencial, é o que nós avançamos a nível da população.
Dentro do quadro democrático não haverá permanência, não há necessidade de existir este mal, é verdade que o MPLA sai do poder vai entrar outro Partido, se entrarmos nós da UNITA chegará um momento que teremos de sair e entrar outro, só assim que o nosso País pode desenvolver.
RA: Foi um prazer imenso ter aceitado o convite da rádio Angola e queremos contar convosco nos próximos dias e nas próximas ocasiões, para dizer que a Rádio Angola ficou com este registo e penamos que os angolanos estão acompanhar e vão acompanhar milimetricamente sobre estes acontecimentos de Kimbele, principalmente essa morte que se evocava de que havia um morto e nós não sabíamos se é do lado do MPLA ou da UNITA, mas nós estamos preocupados porque são todos angolanos e filhos da mesma Pátria, foi prazer imenso por nos ter esclarecido sobre esta particularidade de que não existe nenhum morto mas simplesmente feridos que já estão fora dos cuidados intensivos.
Da próxima vez queremos contar com o Senhor Secretário Félix e não sei se tem alguma coisa a avançar que provavelmente tenha me escacado?…
Félix Lucas: Eu penso que não, também agradecemos e podem contar connosco a qualquer hora e momento nós estaremos disponíveis para responder aquilo que são as vossas responsabilidades, muito obrigado.