Rádio Angola (RA): Entrevistado a partir da província de Benguela pelo nosso repórter, Adão Lunge, a Senhora Terezinha, diretora da Escola primária e do Primeiro Ciclo 1348 Luís Gomes Sambo, para falar sobre o dia 16 de Junho, dia Internacional da Criança africana.
RA: Muito bom dia Senhora Diretora?…
Diretora Terezinha: Muito Bom dia e muito obrigada por terem vindo à nossa Escola.
RA: Brigado nó por nos terem cedido este tempo para teceres algumas considerações sobre este dia tão importante para as crianças à rádio Angola.
Qual é a importância que este dia hoje tem e o que tens por nos dizer sobre o dia 16, consagrado Internacionalmente à Criança africana?
Diretora Terezinha: Ok, para dizer que dia 16 de Junho, dia da Criança africana, é uma data que agente vai recuar um pouco para vermos a situação das crianças do Soweto, em Johanesburgo, Africa do Sul, que em 1976 saíram à rua para reclamarem os seus direitos e também para aprenderem na Sua língua materna, na sua língua local e foi uma situação que não recebida de bom ânimo, por parte das entidades competentes daquele Pais, naquela altura, infelizmente, consequentemente surgiu uma tragédia onde vai acontecer um massacre com a morte de centenas de crianças, então é uma data que deve ser reflectida por todos adultos porque nós temos que saber que é necessário cumprirmos sempre com os direitos das crianças porque se nós queremos ter uma Angola próspera devemos começar a poiar, apostar agora nas nossas crianças para que sejam adultos felizes, adultos com responsabilidades e que consigam também retribuir estes direitos à geração vindoura.
Então, é uma data muito importante que não deve ser comemorada só hoje, dia 16 de Junho e também nós não devemos só recordar das crianças no dia 16 de Junho, mas a criança deve ser valorizada todos os dias de 1 de Janeiro a 31 de Dezembro, então, é uma mensagem que fica para os nossos adultos, que consigam cumprir com as suas responsabilidades porque a gente sabe que onde tem direito, onde a direito existem os deveres então as crianças se têm os direitos a Educação, têm como dever estudar, é necessário que os Pais consigam conciliar isso, levar tudo a bom porto para que tenhamos um futuro feliz e brilhante para Angola.
RA: Olhando por aquilo que fez com que se criasse esta data, acha que tem se cumprido cabalmente, não só em Angola mas a nível dos Estados africanos, os direitos que as crianças têm no contexto atual em pleno século XXI?…
Diretora Terezinha: infelizmente as coisas não têm sucedido da melhor maneira possível, nós vamos vendo ainda hoje países em que as crianças sofrem bastante, se calhar isso é uma situação a nível mundial em que ainda à países em que as crianças morrem à fome, a muita doença, a muitas violações sobre os direitos da criança, muitas crianças não têm direito a educação, mas nós, particularizando um pouquinho mais Angola, nós temos estado a dar conta que o nosso País tem estado a evoluir bastante, onde as crianças vão sendo inseridas gradualmente no sistema de ensino e se tivermos que comparar antigamente e atual há uma diferença enorme porque graças a Deus com a Paz alcançada começando pela Independência que também alcançamos, então, as coisas têm estado a melhorar dia-pós-dia, mas o que nós temos aqui a chamar é a consciência das famílias, das pessoas que estão enfrente para que consigam realmente refletir, cumprir e fazer cumprir aquilo que tem haver com os direitos da criança, particularizando Benguela, nós infelizmente vamos tendo situações que deixam muito a desejar quando a situação tem haver com as crianças, estamos a ver agora Pais a engravidarem as filhas, pais a violarem as filhas, adultos a violarem as crianças, então são situações que têm de se rever, é necessário que as famílias sejam estruturadas para que estas situações não aconteçam, porque agente pode superar isso hoje, mas, sabemos de que la ficou uma sequela na criança que vai carregar por toda vida, é necessário que as famílias se estruturem primeiro, que as próprias famílias sejam educadas e tenham em mente as suas responsabilidades para que consigam realmente compor, ou seja fazer com que as crianças que estão dentro daquele lar sejam crianças alegres, porque nós temos estado a ver que infelizmente a crianças que nos seus lares não se sentem felizes, mas quando encontramo-las noutros pontos estão felizes.
Isso é que vai fazer com que surja o fenómeno de crianças nas ruas, porque acham que em casa não têm aquele apoio, não têm aquele afeto, não lhes é dado o amor, então, elas acham que é melhor ficar na rua porque podem encontrar pessoas que lhes vão atender da melhor maneira, muito diferente dos pais. Então é necessário que os pais antes de colocarem o filho ao Mundo tenham consciência de que para colocar o filho neste mundo as responsabilidades são mais do que colocar um filho neste mundo, é necessário gerar, acompanhar e ver o desenvolvimento da criança, até atingir a idade adulta no sentido dele ter responsabilidades e consiga levar avante o nosso País, que precisa muito de cada um de nós aqui.
RA: Falou aqui da desestruturação das famílias, no ponto de vista da Diretora, qual é o ponto-chave para que as famílias não sejam desestruturadas e que não se registe o índice de crianças nas ruas que nós temos estado a registar, e penso que também é fruto da tal desestruturação das famílias que a diretora focalizou aqui?
Diretora Terezinha: A desestruturação das famílias têm muitas origens, mas nós aqui vamos primar pela falta de diálogo, porque, e nós sabemos que o diálogo é o remédio para todos os males, então, quando num lar não existe diálogo, obviamente que ali não vai existir paz, não vai existir harmonia, infelizmente nós estamos a ver muitos lares separados, pais e mãe separados, as crianças e as famílias monoparentais, infelizmente isso vai acontecendo as vezes é por faltas de diálogo, aconteceu esta situação não conversaram, o pai e a mãe não conversaram então acharam por bem separar-se e depois de separar-se cada um vai puxando os filhos ao outro isso tudo vai influenciando para que a criança tenha certos comportamentos de quer parar na rua. Mas, o que nós queremos aqui é de que pelo menos se concretize e que se realize nas famílias é primarem pelo diálogo, porque com o diálogo pode crer que tudo se pode resolver, é necessário agente ter em conta de que se não conversarmos com outrem nós não vamos conseguir superar as nossas dificuldades e não vamos conseguir ultrapassar as nossas mágoas, é com diálogo que se resolve tudo, então é necessário que as famílias conversem bastante, que as famílias tenham tempo suficiente para os filhos, porque infelizmente acontece que muitas vezes as famílias, esta o pai, esta a mãe, esta os filhos, mas cada um esta com o seu Tablet e a navegar, não existe diálogo em casa, então estão a falar com os quatro mil cinco mil amigos que têm de fora e bem distante, mas la dentro da família não existe diálogo, é necessário que se prime pelo diálogo, que haja tempo, momentos de sentarmos com os nossos filhos a mesa, momentos das refeições, que nos pode ser muito útil.
RA: Como te sentes ver essas crianças que diriges tão alegres?
Diretora Terezinha: Bem, é uma alegria enorme, eu tenho dito que sou uma eterna criança, porque me revejo muito com as crianças, eu tenho dito que não consigo viver sem as crianças, porque as crianças são os seres mais sensíveis e mais verdadeiros que existem na face da terra, quando elas chagam e dão-me um abraço, e dizem a diretora esta bonita, diretora daqui diretora dali, então não tem situação vai nos tirar esta alegria das crianças que nos vão transmitir porque é uma situação que nós vamos ficando para todo dia, todos os meses, assim sempre satisfeitos e eu tenho dito que quando as nossas crianças estão de férias la vou ter com os meus colegas e digo, ai eu estou com saudades de ouvir o barulho das crianças, as escola esta muito calma isso não esta bom, então significa que as crianças é um bem que nos faz bem e que devemos valorizar, tentar ajuda-las, porque é uma satisfação ver uma criança que não sabia ler hoje consegue prender a ler, aquela evolução, depois começa a se inserir na sociedade, é um grande orgulho. Por isso, todos os pais devem mesmo apostar nos seus filhos porque eles serão os verdadeiros continuadores desta pátria, Angola.
RA: Uma mensagem para aqueles pais que não cumprem com os deveres deles para com as crianças?
Diretora Terezinha: A mensagem que fica é que nós não devemos nos esquecer que hoje crianças são estes meninos e amanha adultos será, então se não se cumpre com os direitos das crianças esses pais amanha serão velhos e também os seus filhos não vão cumprir com os direitos dos filhos deles e como velhos eles serão, não terão acompanhamento dos filhos, então isso é uma cadeia, é uma situação cíclica que vai acontecendo, de lembrar que tudo que agente planta hoje à de se colher amanha, a mensagem que fica é de que cada pai se reveja na condição de pai, na condição de amigo, na condição de alguém que tem responsabilidades acrescidas para o desenvolvimento do seu filho, porque se o pai não fizer isso quem mais fará, se você é que trouxe o filho na face terra, é preciso que cada um de nós cumpra com as suas responsabilidades, porque se cada um de nós cumprisse com as suas responsabilidades não teríamos os problemas que temos, não teríamos tanta delinquência, as pessoas não conseguem andar à vontade, hoje os vidros dos carros estão a ser partidos, estão a ser assaltados, onde que saem estas pessoas, são pessoas que não tiveram um acompanhamento dos pais se calhar.
RA: Para terminar tem alguma coisa que provavelmente tenha-me escapado, não perguntei quer passar?
Diretora Terezinha: acho que perguntou tudo e eu também disse tudo, mas o que eu quero mesmo, é que todos os pais unam-se pelo menos hoje ou este mês de Junho, tentem refletir melhor mesmo e rever a sua condição como pai, tentar fazer um exame de consciência.
Entrevista conduzida por Adão Lunge
Clique neste link abaixo para ouvir o programa completo:http://www.blogtalkradio.com/radioangola/2016/06/16/16-de-junho–dia-internacional-da-criana-africana
Perguntas e sugestões podem ser enviadas para [email protected]. A Rádio Angola – uma rádio sem fronteiras – é um dos projectos da Friends of Angola, onde as suas opiniões e sugestões são validas e respeitadas.