Rádio Angola (RA): Bom dia, boa tarde, boa noite, onde quer que esteja, já está em sintonia de mais uma emissão da RA a partir de Washington, DC, eu sou o Florindo Chivucute, apresentador do programa e para hoje teremos como convidada o Jovem músico e também activista, Mensageiro Andrade. Mensageiro Andrade, muito obrigado por ter aceite o nosso convite na RA…
MA – Eu é quem agradeço por me terem cedido esta oportunidade, de poder explicar do que se esta a passar aqui em Angola e principalmente aqui na Província da Huíla, sendo nós como ativistas cívicos.
RA – Não se preferes ser tratado de Mensageiro ou Mensageiro Andrade?…
MA – Não à preferência, tanto faz…
RA – Ótimo, eu sei que à tempos atrás vocês tentaram organizar uma Manifestação em solidariedade com os 15+2, assim com outros activistas, o Dr. Marcos Mavungo e algo aconteceu, pode explicar o quê que de facto aconteceu?
MA – Bem, Primeiro nós fizemos a carta, porque a Manifestação, apesar de ter como principal objectivo a libertação dos 15+2, que foram condenados injustamente, além de Marcos Mavungo, também queríamos exigir ao Estado angolano que cria-se condições e métodos suficientes para colocar nos Centros Hospitalares a nível do País perante a situação trágica que nós estamos à viver no momento, esta falta desordeira de que à falta de medicamentos nos Hospitais. A questão por exemplo da fébre amarela, então, nós fizemos a carta enviamos ao Governo Provincial e a mesma carta teve assinatura de três pessoas, e quando la cheguei fiz a entrega e um dia depois voltaram a ligar para nós a dizerem que não podíamos ir no sítio que acabamos de indicar para tal efeito, mas, antes disso nós também queríamos alterar a carta, queríamos simplesmente ficar num único local, que era na Cécatedral então, eu fui novamente ao Governo Provincial levar uma outra carta não haveria problema nenhum, não era ilegal, e quando la cheguei me disseram que tinha que dirigir-se no Gabinete do Governador, já tinha conversado com o Director do Gabinete do Senhor governador, ele disse que mais tarde podiam dar o despacho, dias depois recebi a ligação dos meus companheiros de luta, de que receberam a ligação do Comandante Provincial ou Municipal da Polícia Nacional.
RA – como é que se chama o Comandante, por favor?
MA – Chama.se Comandante Nando, então, o mesmo Comandante pediu que nos encontrássemos, por falta de tempo, simplesmente não me encontrei com ele, mais tarde recebi uma ligação dos Companheiros de luta dizendo que também o mesmo havia ligado para eles, insistindo no encontro, e eu disse que não tinha tempo para nos encontrarmos pessoalmente, então lá fui, conversar com o Director do Gabinete do Senhor Governador ficou com o meu contacto ligo para mim, foi conversando comigo, perguntando quais são as propostas do futuro do País, o País é mesmo assim, nós não conseguimos agravar, eu disse pronto, nós estávamos dispostos a fazer, mais tarde tivemos o despacho de que a Manisfestação era ilegal, e nós ficamos espantados, de como é que a Manifestação era ilegal, a CRA é clara no art.º 47, que eles não têm o direito de oprimir uma manifestação, nós temos simplesmente o dever de comunicar as autoridade competentes, por isso não era ilegal, ficamos espantados porque essa tem sido a resposta quando nós tentamos organizar alguma coisa, para um dia depois ficar a receber algumas Mensagens de ameaças de morte.
Recebi uma mensagem alguém a dizer e eu sito; “vamos te encontrar no sitio tal, vamos te dar tiro”, mais uma outra mensagem dizia; “já sabem onde é que eu vivo”, uma outra a dizer que “no dia seguinte na igreja iriam me matar, e uma outra a dizer que dia 9 seria o dia marcado para a manifestação, “poderia ser o meu funeral”, portanto, recebi muitas mensagens de ameaças de morte e eu contactei algumas pessoas, liguei também para o Padre Pio, que também é ativista cívico, não sei se já ouviu falar, ele fez uma publicação a falar sobre esta questão, também já tinha contactado algumas instâncias e depois da publicação que eu fiz, voltei a receber outras mensagens que já mencionavam o nome do Padre Pio, então eram muito estranhas as mensagens que eu estava a receber e eu estava a pensar se calhar alguém ou um dos familiares estava a reenviar, porque era simplesmente uma mensagem, só percebi que não era nenhum dos familiares, porque um dos amigos próximos, pelo simples facto de caírem muitas mensagens, também um dos companheiros de luta que tinha assinado naquela carta, recebeu, igualmente ameaças de morte, achei muito estranho, as três pessoas que assinaram na carta estavam a receber ameaças de morte, eu recebi muito mais mensagens que estavam a dizer, prontos, como eu sou o líder do grupo havia essa necessidade de me quererem intimidar para nós não continuarmos com estes actos.
Eu reuni com os meus companheiros, de que é preciso ter muita coragem, porque ão de nos criar muitas dificuldade, é preciso que haja muita atençã, paciência, porque ainda não conseguimos alcançar os nossos objectivos, fui falando com os meus companheiros de luta, apesar de que alguns estavam um bocadinho com medo e fomos caminhando, mais tarde recebi uma ligação de um dos meus companheiros dizendo que havia um familiar que ligo para ele perguntando o meu nome completo, onde que eu vivo, o quê que eu fazia, entre outras perguntas, achei muito estranho, como é que alguém que não conheço, a pesar de que ele disse-me de que eu conheço e ele também me conhece, mas, é muito estranho.
Dois ou três dias depois uma outra pessoa volta a ligar para mim dizendo que era um dos meus familiares, a mesma pessoa que já tinha ligado para outra pessoa, fazendo as mesmas perguntas que, de forma indireta queriam indicar alguém como um infiltrado, para que esta pessoa pudesse passar algumas informações de como é feito o funcionamento do grupo, então é basicamente isso que aconteceu. Depois nas ruas tenho estado a acompanhar alguns comentários de muitas pessoas a dizerem que, se calhar tem havido alguém a seguir os meus passos.
RA – Mensageiro Andrade, nos pode dizer se de facto a manifestação saiu no dia 9 de Abril ou não e o quê que aconteceu durante a vossa manifestação caso tenha saído?
MA – A manifestação não saiu, não porque recebemos as mensagens de mortes e mais, nós o grupo, eu não decidi isso sozinho, concentrei os meus companheiros de luta, não simplesmente aqueles que tinham recebido também algumas mensagens de ameaças de morte e vimos que havia algo que não estava la muito bem, então, achou-se que deviamos adiar a manifestação. Assim, estamos a preparar para ver se um dia a mesma sai, apesar de não termos uma data para a manifestação, nós estamos a preparar, infelizmente a manifestação não saiu.
RA – Andrade, era apenas para informar os nossos ouvintes, a manifestação não foi realizada porcausa das ameaças, certamente uma grande preocupação, porque a final de contas a CRA, tal como disseste, é bem clara ao que toca à esse exercício cívico, que é o direito de liberdade de expressão ou a manifestação, eunião, Assembleia, de igual modo, à uma outra questão que nós tomamos nota, que é em relação a questão do número de crianças que manifestaram-se por causa das propinas, não sei se você acompanhou, mas foi na tua Província da Huíla, que acabaram por ser alvejados, fala-se de um grande número de feridos, de Jovens, Crianças, estavam a manifestar-se por causa das propinas pronunciadas e a Polícia Abriu fogo contra elas, tens alguma informação sobre o assunto?
MA – Primeiro, não vou dizer com tanta propriedade, porque são problemas que ainda estão a ser investigados, mas isso aconteceu depois de nós termos anunciado a manifestação, porque creiu que isto aconteceu à duas semanas atrás no Município de Caluquembe e algumas crianças que fazem parte da Escola do Ensini Médio, neste caso II Cíclo que reclamaram a questão por exemplo das propinas, conforme acabaste de explicar, mas temos de algumas fontes da percepção de que tinham expulsado o director porque também estava contra tal comparticipação das Escolas Estatais e os alunos, olhando para aquela situação sentiram-se solidários com o Director, foram à Administração fazer uma reclamação, uma manifestação segundo aquilo que estavam a dizer, então chegados la a Polícia abriu fogo contra os estudantes.
Não há ainda nenhuma notícia, se à mortos ou não, a única informação que eu posso dar que ainda não acabamos de investigar é que ouve tiros no Município de Caluquembe contra alguns estudantes, que, segundo informações estavam a manifestar-se, é algo que seta a ser investigado, a única que informação que eu posso lhe dar essa, mas que houve toros, sim, isso já não se duvida.
RA – Eu entendo, certamente nós gostaríamos, vamos acompanhar essa situação, ochala que daqui à nada tenhamos os facto sobre esse acontecimento e que possamos partilhar com os nossos ouvintes. Mensagero Andrade, estamos no final do nosso programa de hoje, gostaria de deixar uma palavra, em relação do que tem estado acontecer com sigo, com os seus colegas activistas no Lubango, Província da Huíla, sobre a questão do sistema de saúde de uma forma geral, tal como acabaste de dizer, certamente esta a falência pelo número de pessoas de angolanos que continuam a morrer por dia?…
MA – Sim, primeiro queria aqui dizer, deixar aqui uma nota de encorajamento aos meus companheiros de luta, não simplesmente os que se encontram na Província da Huíla propriamente no Município do Lubango, mas também para os Revolucionários, os activistas que encontram-se por todo País, por toda Angola, que tenhamos paciência, fé, porque a liberdade, como disse por exemplo o Luther King, não nos é dada pelos opressores, deve ser conquistada pelos oprimidos e a injustiça num lugar qualquer é ameaça a a injustiça em todo lugar, portanto deve haver este empenho grande por parte dos revolucionários no sentido de podermos alcançar os nossos próprios objectivos, caminhemos todos juntos, porque ninguém caminha sozinho, para sermos pequenos e grandes precisamos um dos outros para algumas necessidade primárias e concretas, nós não fomos feitos diferentes para nos separarmos, mas sim fomos feitos diferentes para nos completarmos para que sintamos a necessidade de irmos a procura do outro.
Por tanto, deve haver mesmo intercâmbio entre os Revolucionários que se encontram espalhados por toda parte do território Nacional para podermso combater os opressores, e por outro lado também queria chamar atenção à este regime ditatorial de que, libertem os nossos irmãos 15+2, porque está totalmente claro de que foram condenados injustamente, nós estamos indignados com esta situação, que se abra um processo de Democrático, porque o que nós temos não é uma democracia, é inacreditável, quando se prende pessoas por simples facto de pensarem diferente, isso é uma vergonha para o nosso País, porque de facto nós, a juventude queremos contribuir para o desenvolvimento do País, se é que abrirem-se as portas para o exercício da Democracia, é posível haver uma mudança pacífica, e é o que nós queremos, esta mais do que claro, nós não queremso guerra nenhuma conforme tem se dito de que, temos estado a convencer a população e somos os inimigos da Paz, isso não corresponde à verdade.
Por isso é que nós denunciamos as práticas que têm haver, que violam a própria Paz, também o próprio Estado angolano, tenha pelo menos um pouco de vergonha naquilo que se está a passar em Angola, nos Hospitais estão a morrer muita gente, muitas pessoas, pôs é uma vergonha para um hospital Estatal que, não tem nem sequer um Paracetamol, la está na CRA, o Estado deve preservar a Saúde a população angolana, de facto, é um dever do Estado, do mesmo geito que o Estado quer que nós cumpramos os nossos deveres, o Estado também deve cumprir com os seus deveres. Tem de haver um entendimento recíproco, nós cidadãos temos os nossos direitos, mas também temos consciência dos nossos deveres e o Estado tem deveres para connosco, para com a sociedade angolana, para com Angola e os angolanos, por outro lado também quero chamar aqui atenção ao Estado angolano que só olha simplesmente para o Movimento Revolucionário como se fossem seus inimigos, nós não somos inimigos, nem do Estado nem do Governo angolano, nós estamos simplesmente preocupados com o desenvolvimento do País, mas muito preocupados mesmo com desenvolvimento do País.
Clique neste link abaixo para ouvir a entrevista: http://www.blogtalkradio.com/radioangola/2016/04/27/a-liberdade-jamais-ser-dada-pelo-opressor-afirma-jovem-activista