The New York Times e Wall Street Journal publicaram esta terça-feira, na véspera das eleições angolanas, reportagens sobre a corrupção angolana
por Alexandre R. Malhado
Os jornais norte-americanos The New York Times e Wall Street Journal publicaram esta terça-feira, na véspera das eleições angolanas, reportagens que exploram a corrupção em Angola, que “coloniza” Portugal para lavar dinheiro.
“O colonizador passou a colonizado”, lê-se na reportagem do The New York Times, intitulada “Portugal dominou Angola durante anos. Agora os papéis inverteram-se”. A extensa peça começa em Cascais, no Estoril Sol Residence, luxuoso bloco de apartamentos na marginal que atraiu a elite angolana – segundo o jornal, o prédio já é conhecido como “o prédio dos angolanos”.
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A herança de José Eduardo dos Santos Um proprietários da luxuosa Estoril Sol Residence mencionados pelo The New York Times é o vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, que terá pago cerca de 2,8 milhões de dólares pelo 9º andar com vista para o mar. Lembre-se que Manuel Vicente é suspeito de ter corrompido o procurador Orlando Figueira para que arquivasse dois inquéritos, um deles o caso Portmill, relacionado com a alegada aquisição deste imóvel de luxo no Estoril.
De caso em caso, o jornal norte-americano vai sustentando a existência de uma elite angolana, que acumulou fortunas e que está a lavar dinheiro em Portugal. Entre os exemplos dados pelo The New York Times, também consta a de Isabel dos Santos, filha do presidente de Angola, que foca a sua actividade num escritório discreto de localizado ao lado da Louis Vuitton da Avenida da Liberdade, em Portugal. “Isabel dos Santos tornou-se uma das figuras mais poderosas de Portugal, ao comprar posições importantes na banca, nos media e no sector da energia”, escreve o diário.
Já o The Wall Street Journal, que foca o seu artigo na Operação Fizz, considera que se criaram condições perfeitas em Portugal para a lavagem de dinheiro angolano. Ao ficar rico em petróleo, Angola beneficiou do boom do ouro negro, enriquecendo a liderança de José Eduardo dos Santos. Os angolanos passaram a poder comprar o que os portugueses, que sofriam de uma crise financeira, não eram capazes de adquirir.
O “poderio” da elite angolana e a “permissividade” portuguesa foram a tempestade perfeita para a corrupção em Angola. “Os portugueses sabem como os angolanos são proeminentes a alegadamente afunilarem milhões de dólares em imóveis de luxo, apesar dos cidadãos angolanos serem dos mais pobres do mundo.
“Angola está frequentemente no topo dos países mais corruptos do mundo e Portugal destacado pela sua permissividade no combate ao branqueamento de capitais e à corrupção, particularmente em relação aos angolanos, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico”, escreve o diário norte-americano. Ao jornal norte-americano, Ana Gomes, deputada do Parlamento Europeu, diz que Portugal é conhecido em Angola como “lavandaria”.