Por:RFI
O Chefe de Estado angolano reuniu esta quarta feira o Conselho da República, o seu órgão consultivo composto pelos Presidentes dos Partidos políticos na oposição e ouviu a Assembleia Nacional, que afirmativamente o autorizaram a decretar estado de emergência, para conter a pandemia do Covid-19, visto que já há 3 casos confirmados no país.
A RFI sabe que dezenas de médicos e enfermeiros já começaram a abandonar os postos de trabalhos, nomeadamente no Hospital geral de Luanda.
Em declarações à imprensa, Adriano Manuel, Presidente do Sindicato dos Médicos apelo ao chefe de Estado a não atribuir a responsabilidade da pandemia do Covid-19 aos hospitais nem aos médicos, porque segundo ele «os Hospitais não têm condições, nem a própria equipa médica tem materiais de trabalho para protecção».
O Presidente da República, João Lourenço, no âmbito do reforço das medidas de prevenção, contenção e combate à propagação do Covid-19 em Angola, decidiu convocar o Conselho da República para uma sessão que teve lugar hoje de manhã para a auscultação dos conselheiros.
No fim do encontro, Rosa Cruz e Silva, porta-voz do Conselho da República, disse que o comunicado final do conselho decidiu o seguinte: «autoriza o Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, a declarar o estado de emergência e ampliar as medidas de prevenção».
Nesta terça feira, o Presidente da República decidiu ouvir a Assembleia Nacional, enviando àquele órgão de soberania uma delegação do Governo, chefiada pelo Ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança e Coordenador da Comissão, criada para conduzir os esforços do Governo no combate à propagação da pandemia do coronavírus em Angola, com a finalidade de apresentar o ponto de situação sobre o quadro actual do Covid-19 em Angola e no mundo.
Desde a propagação da pandemia do coronavírus, Angola regista três casos confirmados de Covid-19. Os dois primeiros foram notificados a 21 deste mês, eram angolanos vindos de Portugal nos dias 17 e 18 últimos.
Angola poderá, deste modo, estar a preparar-se para declarar o estado de emergência. São já vários os países que declararam o estado de emergência, sendo disso exemplo a África do Sul, que, a partir de quinta-feira impõe que os seus 56 milhões de habitantes fiquem em casa e todos os espaços públicos, com poucas excepções, encerrem as portas.
Em vários comunicados de imprensa, o Ministério da Justiça, da Educação, dos Transportes e a petrolífera estatal angolana avisaram os seus trabalhadores que estão obrigados a cumprir quarentena que serão “severa e disciplinarmente” punidos caso sejam encontrados a passear na rua.
O Conselho de Administração da Sonangol constatou que alguns colaboradores abrangidos pela quarentena que vigora devido ao Covid-19 “não têm cumprido a orientação de permanecer em casa, sendo vistos a circular pela cidade, bem como em lugares públicos e de lazer”.
A administração da petrolífera pede, por isso, às direcções da empresa esforços no sentido de controlarem as equipas, exortando-as a cumprirem as medidas de prevenção sob pena de serem responsabilizados.
A Sonangol avisa ainda que não se responsabiliza “por eventuais constrangimentos” que os colaboradores incumpridores possam vir a ter com as forças da ordem e de segurança.
Angola tem três casos confirmados de infecção com o novo coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19, que já infectou mais de 430 mil pessoas em todo o mundo, entre os quais um administrador da Sonangol,das quais morreram cerca de 19 000.