Fonte: Radio Angola
A Comissão Nacional Eleitoral (CNE) anunciou que será feito um “concurso público para seleccionar a empresa que fará a auditoria ao Ficheiro de Cidadãos Maiores (FICM) e a solução tecnológica”. A informação foi avançada ontem, dia 3, pela porta-voz, Júlia Ferreira, no mesmo dia em que decorreu a primeira manifestação nacional de várias programadas pela UNITA precisamente para contestar a contratação das empresas SINFIC e INDRA sem concurso público e muito menos consentimento da Assembleia Nacional.
Sem a participação de demais partidos da oposição, a UNITA levou centenas de pessoas às ruas em todas as províncias a exigir que a CNE cumprisse a lei orgânica sobre as eleições gerais.
A manifestação contou com a presença também de figuras da sociedade civil, como os activistas Dito Dali, José Gomes Hata, Arante Kivuvu, Nito Alves e Hitler Samussuku, presos políticos recentemente libertados no célebre processo 15+Duas.
A imprensa nacional e internacional também esteve em massa, e estranhamente a Televisão Pública de Angola e a ANGOP fizeram-se presentes.
Os símbolos partidários viam-se em todo lado, o que mereceu nota negativa atribuída por alguns internautas que diziam que a manifestação não deveria ser partidarizada, pois o motivo do protesto ultrapassa o interesse partidário.
Ao som da célebre frase de Jonas Savimbi, fundador e primeiro líder do partido, os manifestantes cantavam: “primeiro o angolano, segundo o angolano, terceiro o angolano e o angolano sempre”. David Mendes, candidato a deputado pela lista da UNITA ao entrar com o seu Partido Popular, repetiu as palavras de Savimbi e foi ovacionado pela multidão que concluía a frase.
O largo da Independência, ao 1.º de Maio, foi o programado como destino. Porém, a direcção da UNITA estagnou poucos metros após o supermercado Jumbo e ali foram feitos discursos propagandísticos em jeito de campanha eleitoral.
Em Cabinda, onde Raúl Tati é o cabeça de lista pelo partido UNITA, a manifestação também teve muita adesão. As imagens e vídeos postos a circular nas redes sociais demonstram o desgaste do povo em relação ao grupo que permanece no governo desde 1975.
Participantes à manifestação em diversas províncias enviaram várias fotografias à Rádio Angola e se encontram disponíveis na página do Facebook da Friends of Angola. Em todas se nota a adesão maciça ao acto.
Não há registos de violência protagonizada por agentes da Polícia Nacional, Serviços Secretos ou milícias orientadas pelo MPLA, espantosamente, pois é comum os espancamentos sempre que se trata de manifestações organizadas pelos chamados “revús”, tal como ocorreu ainda em Março e Abril do ano em curso, tanto que sete jovens se encontram presos por se manifestarem.
Isaías Samakuva, presidente da UNITA, agradeceu a participação de todos, em especial os apartidários e militantes de outros partidos que se juntaram, e adiantou ainda que “se a CNE não atencer as nossas reclamações até a próxima terça-feira, voltaremos a nos convocar e ficaremos na rua até que seja reposta a legalidade nos termos da lei”.